terça-feira, 20 de junho de 2017

Crítica Melodrama - "Pode esperar pra se reconhecer em muitas das faixas".


Melodrama
Substantivo masculino
1.mús teat gênero de obra dramática, desenvolvido a partir do sXVIII, cujo texto é acompanhado de música instrumental.
2.teat drama popular, por vezes com acompanhamento musical, que se caracteriza por enredo complicado e pelo exagero de situações violentas e patéticas.
Lorde (Ella O’Connor, 19 anos) é a dona de muitos corações de fãs da música desde 2013. Segundo o inesquecível David Bowie: “o futuro da música”. Dona de uma voz e de uma performance inimitáveis, a jovem fala por si só, através do que faz do que conhecemos como seu melhor, suas músicas!
Melodrama é o segundo álbum de Lorde, lançado simplesmente 4 anos depois de seu primeiro, Pure Heroin, que foi um sucesso mundial, rendendo a ela 2 grammys pra faixa Royals (só de ler o nome já da vontade de dançar), além de uma fama única para artistas dessa idade. O Metacritic do novo álbum é de 90 pontos!
De forma geral esse álbum é de uma jovem em crescimento... pode esperar pra se reconhecer em muitas das faixas, pois mesmo sendo um álbum que nasce de experiências muito pessoais de Lorde, são coisas que todos nós vivemos ao amadurecer, nos nossos primeiros relacionamentos e ao sentir os mais diversos sentimentos e não saber como lidar na maior parte do tempo. Melodrama é sobre isso!

Começando por Green Light, que é a faixa de abertura do álbum, Lorde nos fala de alguém que mentiu e que agora lhe faz procurar por coisas novas: “that green light. I want it”, luz verde de esperança. A música está muito ligada ao pop, mas ainda temos a marca registrada de lorde com os backings agudos e as batidas isoladas. Um detalhe muito interessante é que ao falar sobre sinestesia (mistura de sentidos) para o Vevo, a cantora disse que sentia suas músicas como imagens granuladas e o clipe é cheio de quadros com a granulação bem perceptível, mais um sinal de que essa fase é sobre si mesma e sobre suas sensações.



Em Sober, faixa super intensa e cheia de samplers, há uma pergunta muito comum para todos aqueles que enchem a cara tentando esquecer os problemas: “Mas o que faremos quando estivermos sóbrios?” (But what will we do when we're sober?. A nossa lorde é gente como a gente e vive dramas na night também!



Homemade Dynamite é uma das minhas preferidas até agora, principalmente pelas batidas viciantes da música. Lorde usa e abusa dos pianos transcendentes no fundo. A letra é da nossa conhecida Tove Lo e na letra nós podemos ver como Lorde carrega consigo a energia dessa garota também jovem e que está muitas vezes falando dessas noites loucas como uma dinamite caseira. DDD DYNAMITE.
The Louvre é tão maravilhosa, pois além de crescer aos poucos, característica que deixa a gente cada vez mais ligado na música, ela tem uma letra que não poderia ser mais completa pra essa álbum. Só um gostinho:
But lover, you're the one to blame All that you’re doing Can you hear the violence? Megaphone to my chest Broadcast the boom, boom, boom, boom And make 'em all dance to it”.
“É culpado de tudo o que você está fazendo. Você pode ouvir a violência? Megafone no meu peito, transmita o boom, boom, boom, boom e dancem”.
Segundo os gênios do Genius (kkk) o “boom” é o coração da Lorde que através da dor gera batidas, cada vez mais altas, amplificadas e feitas para que sintamos e dancemos com elas.

Liability significa peso/fardo e assim como Green Light foi lançada como single. É uma faixa muito pessoal e ao mesmo tempo universal, no sentido de que a cantora se faz frágil como nós! Quantas vezes não pensamos nós sermos pesos para quem nos rodeia? Essa é mais uma questão levantada por ela. De fato uma música para a bad.



A mais ousada em termos de estrutura é Hard Feelings/Loveless. Ela se chama assim, pois são DUAS MÚSICAS EM UMA SÓ FAIXA! Ela nos trouxe de volta a sensação dos Pout Pourri, que se tratam de músicas conjuntas, geralmente se completando em sentido e que havia muito tempo era uma tática perdida na música. Alguns críticos chamam de um pop barroco, pois, além da letra, existem artifícios na música muito peculiares, como batidas vintage, o fade out (música saindo lenta e baixando de volume) e vozes no radiofone. Tudo isso nos lembra dessa arte cheia de emoções e características em excesso. Pra quem já ouviu: Vamos pensar porque somos a geração dos sem amor? (L.O.V.E.L.E.S.S. generation)



O interlúdio Sobre II (Melodrama) é a soma de todas as músicas e sensações da cantora no álbum. Um dos melhores interlúdios do ano com certeza! Como a definição nos diz Melodrama é caracterizado “por enredo complicado e pelo exagero de situações violentas e patéticas”. Porém Lorde se faz entender muito bem! É uma faixa completamente harmônica, pois utiliza os artifícios que falo acima, utiliza as batidas presentes nas produções da artista, fala da constante dúvida do que está sentindo e, por fim, fala que tudo que queremos é um melodrama. Tudo isso em menos de três minutos.



Writer in the dark me lembra do tweet da Lorde em que ela dizia estar no deserto escrevendo sozinha e havia avançado muito no seu novo álbum. Essa música fala muito do processo criativo dos artistas que utilizam suas experiências pessoais para compor, ela fala diretamente com um alguém, pessoa essa que ainda influi completamente em sua vida, mas um sujeito que durará junto com seu amor. O arrependimento de namorar uma superstar está sendo questionado nessa faixa. O único jeito de sair disso é escrever, logo, compor. COMPÕE PRA NÓS LORDE!

Supercut é a música mais “normalzinha” do álbum. Ela fala sobre constantes lembranças. Tem batidas coerentes com o conceito, mas não me tocou tanto. Não sei se deve entrar na setlist da tour. Ela serve para fechar uma fase do álbum, para dizer que está acabando. Aos que gostaram dessa faixa boa sorte!

Eu achei Liability (reprise) de uma genialidade incrível! Pra que melhor que um interlúdio de encerramento para mostrar quem pisa nos conceitos? Brincadeiras a parte, nessa faixa podemos ver o início de uma superação. Ela diz para si mesma: “mas você não é o que pensou que era” (“but you’re not what you tought you were”).
Por fim, na linda, mas ainda questionadora Perfect Places Lorde nos fala sobre um fim imperfeito! Por mais que a música fale sobre a euforia de estar drogado, uma hora a lombra passa e nossos problemas estarão lá novamente e isso não é um discurso conservador, é na verdade o que deve nortear nossas decisões, para lembrar que estar high não resolve nossas dores! Aprendamos com a miga Lorde a nos perguntar: será que existem lugares/momentos/crush/amigos perfeitos? Esse é o fim do álbum, uma música que mostra uma Lorde madura, que se questiona sobre os atos e que faz da sua dor uma arte cada vez mais única.
Esse é um álbum de silêncios e gritos, questões e críticas, uma constante apreensão entre exprimir ou não exprimir o que se sente. Os radiofones confusos ao fundo só demonstram como a cabeça e logo a produção de lorde se mostra confusa e cada vez mais complexa e criativa em Melodrama. Nada de novo sob o sol (além da prova de que esse som é ótimo). Afinal, não é assim também a nossa cabeça?




NOTA 9.6/10


Por: Natanael Gomes.
@noodlestime @ocometapassou

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